A mais bonita chuva de estrelas pode ser vista sábado em Seia
É a mais bonita chuva de estrelas, com meteoritos de cor azul, a atirar para o amarelo, e com a particularidade de poderem ser vistas a uma velocidade mais lenta do que as restantes, com mais tempo para contemplar o fenómeno. Quem o diz é Frederico Niman, do Observatório Astronómico de Travancinha, no concelho de Seia, que no sábado, 13, promove uma sessão de observação.
Para ver a Chuva de Estrelas Gemínidas estão previstas várias atividades, a partir das 19:00. Além da entrega de materiais informativos e planisférios, segue-se uma explicação sobre o fenómeno astronómico, a observação guiada do céu por especialistas, a identificação de constelações, planetas e outros objetos.
“Esta chuva de estrelas, para mim, é a mais bonita do ano, porque os meteoritos entram lentamente na atmosfera, temos mais tempo para desfrutar e pedir desejos”, realça, ao Conta Lá, Frederico Nimam, astrónomo do Observatório de Travancinha, que durante muito tempo foi um miradouro.
O cientista pormenoriza que, enquanto os meteoritos entram normalmente na atmosfera a uma velocidade entre os 65 e os 150 quilómetros por hora, as gemídinas podem passar a 30 quilómetros.
Outra particularidade é a origem. Ao contrário de outras chuvas de estrelas, esta tem origem num asteroide, e não num cometa. “É a única chuva de estrelas do ano com origem num asteroide”, acrescenta Frederico Niman.
“É um asteroide um pouco raro. Foi visto por primeira vez há 15 anos por uma sonda que estava no espaço exterior, não foi descoberto desde o planeta Terra. Até há não muito tempo era mesmo mistério a origem desta chuva de estrelas”, acrescenta o astrónomo.
A composição do asteroide, um Apolo, explica, é também especial, uma vez que orbita entre Marte e Júpiter e é o que se encontra mais perto do Sol e demora 30 anos a completar uma órbita completa.
Apesar de se enquadrar nos asteroides perigosos para o planeta Terra, por existir o risco de colisão, esse cenário, segundo os cálculos feitos, não está previsto para os próximos 400 anos, embora existam sempre imponderáveis, como outro asteroide colidir com este e desviar a rota.
Embora esteja previsto um espetáculo de luz e cor, que é também um momento de interesse científico e educativo, este ano não é de esperar uma super chuva de estrelas, o que acontece “quando o esteroide perde muitos fragmentos”, de tamanho maior. Este ano, avisa Frederico Nimam, “não vai acontecer”.
A sessão de observação, organizada em parceria com o Centro de Interpretação da Serra da Estrela, decorre na aldeia de Travancinha, onde o astrónomo afirma existirem condições ideais para olhar o céu.
“Portugal é o país com maior poluição luminosa de toda a Europa. Céus como o de Travancinha são difíceis de encontrar. Temos as condições de ser muito escuro, podemos distinguir perfeitamente a Via Láctea, a nossa galáxia, ver a profundidade mesmo da noite, da escuridão, dos astros”, elenca Frederico Nimam. A noite sem lua melhora a experiência.
Além da baixa poluição luminosa, na encosta da serra da Estrela, “há uma comunidade envolvida no projeto”. Um dos exemplos é o Clube de Astronomia da Escola Secundária de Seia, que vai colaborar e operar um telescópio.
A participação é gratuita. Requer apenas pré-inscrição para um número limitado de cerca de 300 pessoas. Se estiver a chover, a iniciativa é cancelada.
No Observatório Astronómico de Travancinha dão-se formações e aprende-se sobre a área, equipamentos e fomenta-se o pensamento científico. Todo um universo de conhecimentos que pode vir a dar frutos no futuro.
“Há muito por estudar, mesmo nos asteroides. Sabemos que a nova indústria é a indústria espacial. A nova revolução industrial que acontece hoje no mundo é a esta nova carreira do espaço”, vinca Frederico Nimam.
A sessão tem início às 19:00 e termina pelas 23:30, com a entrega simbólica de um certificado de participação.