Serra de São Mamede tem projeto para proteger fauna aquática
Um projeto científico que pretende desenvolver técnicas para monitorizar a fauna aquática e defender espécies ameaçadas na Serra de São Mamede, em Portalegre, está a ser desenvolvido pela Universidade de Évora.
Promovido pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Évora e financiado pela União Europeia e Fundação La Caixa, o projeto MAMEDE conta com um orçamento que ronda os 300 mil euros e teve início em outubro.
Em declarações à agência Lusa, o investigador Filipe Banha explicou que a iniciativa vai também desenvolver “ferramentas similares” para deteção precoce de espécies invasoras, oriundas de outros países.
“Estas espécies têm associados impactos severos na saúde pública e também impactos económicos muito relevantes”, disse, dando como exemplo uma das espécies nas quais o projeto se foca, o Mexilhão Zebra, que “tem vindo a espalhar-se na Península Ibérica”.
De acordo com o responsável, esta espécie causa “muitos milhões de euros de prejuízos” e está “em vias” de entrar no território da Serra de São Mamede.
“A deteção precoce desta espécie é muito importante, porque só na fase inicial do processo de invasão é que é possível controlar a sua expansão”, realçou o investigador.
Em relação às espécies ameaçadas que o projeto pretende defender e preservar, Filipe Banha indicou, entre outras, o Saramugo (um pequeno peixe) e o bivalve Naiáde do Sul.
O MAMEDE conta também com uma componente que Filipe Banha considerou “muito relevante” e que passa por “dar a conhecer melhor” às populações da zona do Parque Natural da Serra de São Mamede as espécies Lagostim Vermelho e Lúcio Perca.
“Também queremos dar a conhecer as técnicas que são permitidas para que as populações locais possam contribuir para o controlo dessas mesmas espécies, através do seu consumo”, disse.
De acordo com o investigador da Universidade de Évora, “muitas das vezes”, as populações “não estão a par da existência desses potencias recursos alimentares” e, em particular, na Serra de São Mamede, onde a “maioria das águas dos rios e ribeiras são de boa qualidade”.
Este projeto, que incide no Parque Natural da Serra de São Mamede devido à sua relevância em termos de biodiversidade aquática e à sua vulnerabilidade, quer devido às espécies invasoras, quer por causa das alterações climáticas, vai decorrer até 30 de novembro de 2028.