Greve geral: Milhares de pessoas saíram à rua, ânimos aqueceram junto ao Parlamento

Numa greve geral com uma adesão estimada da CGTP de mais de três milhões de trabalhadores, as manifestações em Lisboa culminaram com desacatos em frente à Assembleia da República, com bandeiras e caixotes do lixo incendiados e objetos arremessados. Um manifestante foi detido.
Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalves Jornalista
11 dez. 2025, 18:42

Num dia marcado por greve geral em todo o país, o dia culminou em frente à Assembleia da República, em Lisboa, onde um pequeno grupo causou desacatos em frente à escadaria do parlamento: caixotes do lixo virados do avesso e incendiados, bandeiras e cartões em chamas e garrafas atiradas contra as forças de segurança no local.

As autoridades acabaram mesmo por ter de lançar munições de borracha para dispersar os manifestantes. Uma pessoa foi detida pelas autoridades, por ultrapassar as barreiras de proteção e subir a escadaria do parlamento.

A mancha humana em frente à Assembleia da República foi uma das que marcou o dia de paralisação em todo o país.

Os manifestantes saíram do Rossio em direção à Assembleia da República, em São Bento. Na capital, as palavras de ordem eram claras: “Não vamos desistir, o pacote é para cair".

O cenário no Porto não foi muito diferente. Na Avenida dos Aliados reuniram-se centenas de manifestantes contra a reforma laboral. Os participantes ecoavam a uma só voz: “O pacote é para cair”. Em declarações ao Conta Lá, na Invicta, vários manifestantes deixaram a mensagem que “se o pacote laboral não cair, cai o Governo”.

Ao longo do dia, o Conta Lá testemunhou várias demostrações de descontentamento. Em Coimbra, os protestos concentraram-se na Praça 8 de Maio, no centro da cidade. Trabalhadores de diferentes setores manifestaram-se e Luísa Silva, da União de Sindicatos de Coimbra, dedicou o momento de luta aos jovens.

No centro de Braga, centenas de pessoas juntaram-se na Praça da República, onde jovens partilharam a discordância com uma legislação que promove a precariedade.

A greve geral teve também fortes impactos em hospitais e centros de saúde. Foram vários os utentes que ficaram sem ser atendidos.

A greve geral paralisou transportes e também empresas do setor privado, como fábricas de lanifícios da Covilhã. Os trabalhadores consideram que o anteprojeto de revisão laboral é um retrocesso e querem pressionar o Governo a repensar a proposta do pacote laboral.

Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, afirma que mais de três milhões de portugueses aderiram a uma “grande greve geral”, esta quinta-feira. A greve afetou tanto o setor público quanto o privado. Mário Mourão, secretário-geral da UGT, mencionou os tribunais, escolas, serviços públicos e balcões bancários “encerrados por todo o país”, numa greve geral “das maiores de sempre”.