Natal sem Pinheiro em Arganil: do luto de 2017 à esperança contra o fogo

Como é que 1,5 milhões de carvalhos podem travar as chamas? Fomos a Arganil conhecer o projeto de reflorestação de baldios que está a mudar a paisagem e a proteger as populações. No teste de fogo de 2025, a aposta em espécies de copa larga mostrou ser a barreira que faltava para proteger o território e honrar a memória das vítimas do passado.
Pedro Miguel Costa
Pedro Miguel Costa Editor-executivo
João Franco Repórter de imagem
16 dez. 2025, 14:01

Em Outubro de 2017, quando o país ainda cheirava a Pedrógão, o inferno voltou a Arganil. Na Cerdeira, o Ex-Presidente da Junta, Adelino Almeida, perdeu o irmão Fernando, invisual de 58 anos, apanhado pelo fumo ao tentar salvar o rebanho, e o primo António, que sucumbiu a tentar resgatar um carro das chamas. Quatro pessoas morreram no concelho nesse ano. Em resposta, a Câmara de Arganil iniciou um inédito projeto de reflorestação de baldios (financiado em 5M€ e com 1,5 milhões de árvores) com espécies de copa larga como o Carvalho Alvarinho, para quebrar o ciclo do mato e do abandono.

O mega incêndio de 2025 (que consumiu 64 mil hectares) testou o projeto: 100 hectares arderam, mas as zonas verdes criadas deram expectativas de que a serra, finalmente, pode encontrar uma alternativa ao fogo.

Reportagem de Pedro Miguel Costa e João Franco com Edição de Nelson Silva.